À Taberna
Anti-dantas tudo se perdoa. PUM! E são dois os motivos.
Porque aqui
respiram-se jornais e revistas do início do século. A começar pelo nome, uma
alusão ao manifesto anti-dantas escrito por Almada Negreiros como reação às
críticas à revista Orpheu que, pela novidade e arrojo para os seus tempos,
causou escandalo junto da burguesia lisboeta conservadora e a acabar nas
paredes forradas, inteiramente de páginas de revistas antigas.
Isto, aliado a
outros fatores de decoração vintage atribui-lhe um ambiente místico no qual
sabe bem estar ou até, dando asas a uma certa capacidade de abstração, sabe bem
fazer parte.
Se isto não fosse
suficiente para perdoar os peticos que, não sendo maus, em nada acrescentaram
ao nosso conhecimento gastronómico e de paladares, a tarte de limão merengada
serviu para nos fazer esquecer qualquer falha. Ouso dizer que esta foi a melhor
tarte de limão que já provei. Do frágil equilíbrio entre a acidez do limão e o açúcar
do limão à leveza da massa de base, esta tate roçou a perfeição.
Desconfio que se
nos tivéssemos aventurado pelos pratos principais seriam ainda mais os motivos
para desculpas, a julgar pelo aspecto dos ditos e pelas caras dos seus
comensais.
Mas nós
ficámo-nos pelos espargos gratinados com presunto, cogumelos à bulhão pato,
tiborna de polvo, mexilhões à bulhão pato e o camembert com mel e croutons e a
verdade é que se comiam bem, mas aos mexilhões por exemplo, faltava-lhes sabor
e molho que os tornasse menos secos. A tiborna de polvo era composta por 6
fatias de pão com rodelas de batata cozida com casca, sendo 3 com polvo em
molho de tomate que conseguia ter um sabor ligeiramente mais interessante que
os outros 3, pouco temperados e também algo secos. Os cogumelos eram bons, mas,
na minha opinião poderiam ter um sabor mais vincado que fizesse mais jus ao
nome Bulhão Pato e os restantes pratos levam queijo gratinado, não tinham como
falhar.
Entenda-se que nenhuma
destas comidas era má, apenas tinha apontamentos a melhorar e é por isso que
não me sinto já pronta para desistir dele e pretendo voltar. Nem que seja pela
sobremesa que foi acompanhada por shots de chocolate com vinho do Porto e vinho
da Madeira ou mesmo só pelo ambiente. Esse sim, a valer muito a pena. PIM!
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