No início do ano,
desencaixotei a balança que andava por aí perdida, comprei uma pilha e
saltei-lhe para cima. Poderia ter sido doloroso, mas a dor, essa vinha já do
final do ano e da constatação de que a roupa não servia. O número é só um número
que no fundo já sabia.
Com todo este
processo veio a vontade de parar com esse comportamento errático de comer
pizzas e natas e massas com natas e tudo o que se adora, mas faz mal. Ou seja,
veio a tentativa de fazer dieta.
Para fazer dieta
e perder tempo dizem que só é precisa uma coisa: força de vontade.
Eu digo que é
preciso muito mais. É preciso força de vontade para não se comer o que se quer,
força de vontade para cozinhar em casa, força de vontade para planear as
compras, os ingredientes, as refeições. É preciso disponibilidade e tempo. Mas
sobretudo é preciso tato para os que estão à nossa volta.
Uma das maiores
dificuldades da minha dieta é a vida social. Vida social em Portugal significa
ou comer ou beber. Nós, portugueses, temos muita dificuldade em conviver longe
de uma mesa ou de uma bebida. A maior parte das vezes dos dois. Ninguém combina
ir dar um passeio, encontrar no parque ou qualquer outra atividade que implique
distancia suficiente de uma mesa.
Sempre que tento
explicar a alguém que estou a fazer dieta propõem-me a cheat meal (normalmente,
uma refeição por semana em que se pode comer sem restrições, mesmo estando a
fazer dieta), só que se eu atendesse a todos os pedidos, teria que fazer 24
cheat meals por semana. O dobro do que já como habitualmente.
É por isso que
acho que fazer dieta é muito mais que força de vontade. Fazer dieta, neste
país, é isolar-me do mundo e das pessoas com todas as suas tentações.
Posto isto,
comecei a fazer dieta no início do ano. Ou a tentar fazer dieta sem ofender
ninguém.
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