Vivo com o
constante medo que descubram que sou uma fraude. Que no trabalho descubram que
não sei escrever. Que o meu namorado descubra que não sou mulher para ninguém.
Que os meus amigos percebam que fui inconsciente e não corajosa, como me dizem.
Há cerca de um
ano atrás, despedi-me. Não o fiz por causa de um sonho, não o fiz para voltar a
Portugal, não o fiz por causa de nenhum chamamento vocacional. Fi-lo porque
queria um trabalho das 9h às 5h e não das 9h à meia-noite como tinha. O resto
veio só porque aconteceu, porque fazia sentido, porque no meio da minha inconsciência,
procurei segurança.
Trabalhava há 14
anos em Finanças e estava solteira há 15. Sim, encalhada mesmo, só com
histórias superficiais que eu conseguia fantasiar como minimamente especiais.
Voltei para
Portugal pelo conforto financeiro que me dava. O resto foi acréscimo. Conhecer
o João e encontrar oportunidades para escrever.
Podia estar a
viver o sonho. Sempre quis esta coisa de ser paga para escrever. Passar os dias
inteiro a ler e a escrever. O paraíso. Sempre quis esta coisa de estar
apaixonada e ser correspondida. Diz que sou. Tenho tudo para ser feliz, só que
morro de medo que descubram que não faço puto de ideia que ando a fazer.
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