sábado, 25 de agosto de 2018

Para os fãs de Gilmore Girls



Não sei quantas vezes já vi e revi a série Gilmore Girls. Revival incluído.

Podia dizer que gosto da série pela heroína, uma mulher forte e independente. Podia gostar da série porque a Rory lê o triplo do que eu gostaria de conseguir. Podia gostar das inúmeras referências literárias. Podia gostar por se passar numa cidade pequenina onde todos se conhecem, como a minha. Podia gostar pelas inúmeras personagens caricatas. Podia gostar pelas histórias de amor.

Mas o que eu gosto mesmo mesmo mesmo são dos diálogos. Rápidos, mordazes, sarcásticos. 

Já tinha lido que a autora tinha um novo projeto, mas pouco mais. Não sabia o nome, não sabia para quando, não sabia a história. 

Foi só por um feliz acaso que comecei a ver The Marvelous Mrs. Maisel. O João queria viver, explicou-me que era sobre uma mulher comediante a tentar singrar nos anos 50/60 e eu “está bem, por mim tudo bem”.

Comecei por ficar impressionada com o elenco e a quantidade de actores que já me eram queridos de outras séries. Nos primeiros 5 minutos já tinha decidido e informado (claro, que história é esta de se ver TV sem se falar. Ou pior, perder a capacidade de ouvir como o meu querido namorado). A certa altura, diálogo após diálogo, fez-se-me clique. Eu conheço isto. Eu conheço estes dialogos. Eu adoro isto. Isto parece-se mesmo com a série da Lorelai e da Rory. E assim, descobri a nova série da mesma autora. Reconheci o estilo e fiquei deveras orgulhosa com a minha perspicácia. 



terça-feira, 21 de agosto de 2018

Pasta Non Basta


Andava a chatear o João para ir ao Pasta Non Basta há uma eternidade. Na verdade, este restaurante foi a desculpa perfeita para aproveitar a promoção da Zomato Gold. Depois cheguei lá e como éramos mais que dois, esqueci-me de perguntar como funcionava e se dava para utilizar naqueles parâmetros. O que não me chateia mesmo nada. É só a desculpa perfeita para lá voltar e provar esses outros pratos que tanto me piscaram o olho.



Tinha lido algures que a focaccia era imperdível. Como estava um calor infernal, limonada pareceu-me impreterível. E logo aí, não tive dúvidas, isto prometia. Foi tão bom este começo! 



Já tinha visto várias fotografias deste prato, por isso, nem precisei de olhar para o menu. Tinha que provar aquilo. O ovo, com a gema líquida, com trufas. Uma combinação que já me tinha conquistado numa pizza, noutro restaurante do qual falarei mais tarde. As lascas de parmesão, a pimenta, grosseiramente moída, sentida numa ou noutra garfada. A massa. A massa é notoriamente fresca e apresenta, para mim, o rácio óptimo de espessura e comprimento. Massa que é massa enrola-se no garfo (por favor, não me partam a massa) e eu gosto de massa espessa. Foi aqui, neste dia, que eu, que já comi vários tipos de massa, decidi, spaghettoni é a minha massa preferida. Fresca como esta. O Spaghettoni al Tartufo não me desiludiu. 



Infelizmente, não consegui provar mais nenhum prato. Mas fiquei com vários debaixo de olho. Spaghetti Pomodoro e Burrata, Linguini Nere al Gamberi e a Lasanha que vieram para a mesa tinham também um belíssimo aspecto. Tenho 3 motivos para voltar. No mínimo. 






Inicialmente, tinha pensado que não conseguia provar nenhuma sobremesa, mas quando alguém pediu a Mousse a la Nutella com amendoins caramelizados e pergamena não resisti. Os amendoins vêm mesmo caramelizados. Colados. Poderia ser enjoativo, mas a pergamena, salgada, faz o contraste ideal. Aconselho a racioná-la para que acompanhe a mousse até ao fim. 




Acho que não restam muitas dúvidas que recomendo e muito este restaurante. O serviço também não ficou aquém e só aquela limonada, num dia destes de calor, já vale muito a pena.





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segunda-feira, 20 de agosto de 2018

El clandestino


Não sou fácil de agradar no que diz respeito a comida mexicana. Por já ter ido ao Mexico e saber o que por lá se come e por não ser grande fã de tacos. Comida mexicana é tão mais que isso. 

Ultrapassada a desilusão quando percebi que o menu do El Clandestino se baseia praticamente neste tipo de prato, posso dizer que este acabou por não desiludir na sua confecção. Mas, mais importante, o resto compensou. As margueritas estavam óptimas e quem me dá churros, dá me tudo. Vivo para comer fritos com canela e açúcar. Estes estavam no ponto. Estaladiços por fora, fofinhos por dentro. A espuma de lima e o crumble de cogumelos é um contraste maravilhoso e surpreendente. Sim, crumble de cogumelos. Tinha tudo para eu não gostar e afinal conquistou-me.





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sexta-feira, 17 de agosto de 2018

Fruto do acaso?


Moreno, barriga saliente da cerveja, estatura abaixo da média. Pode dizer-se que Luis é, fisicamente, um típico português. O cabelo comprido deve-o ao amor pelo heavy metal. 

Depois dos 30, em busca de novas oportunidades, emigrou para a Irlanda, onde manteve esse grande amor pelo tipo de música. Manteve algumas rotinas. Os concertos e a vontade e capacidade de falar com tudo e com todos. 

Num dia como os outros, num concerto como tantos outros, em conversas como tantas outras, conheceu a banda. Falou com o baixista. Alto, loiro, cabelo comprido como o seu, amor ao heavy metal como o seu. Tinham em comum aquilo que era comum naquelas circunstâncias. Contou-lhe o Ian que tinham também em comum o sangue português. O Ian era adoptado. A sua mãe biológica, sueca, tinha feito uma semana de férias em Portugal. No Bairro Alto, numa noite de copos, ter-se-ia encantado por um português, que lhe mostrou a cidade e a boa hospitalidade portuguesa. Já na Suécia, descobriu que tinha ficado grávida. Filha de uma família conservadora, fugiu para a Irlanda, com o pretexto de estudar, mas a intenção de esconder o resultado da sua aventura portuguesa. No final da gravidez entregou o filho a um casal irlandês que procurava adoptar e retomou a sua vida na Suécia. Deixou-lhe uma foto. A sua. Com o português com quem o concebeu. 

Talvez com esperanças que o ajudasse a encontrar o pai, talvez por aquele ser o seu maior tesouro, Ian mostrou a Luis a foto do casal de uma noite. 

Luis reconheceu o bar, reconheceu esse Bairro Alto, lembrou as suas próprias noites ébrias, de conversas tardias e ligações instantâneas. 
Luis reconheceu-se naquela foto.

Meses depois, o teste de ADN confirmou. Naquela noite como as outras, num concerto como os outros, numa conversa como tantas outras, Luis conheceu o filho que não sabia ter. Ian, o sueco loiro, tão mais alto que ele, tão fisicamente diferente, tão igual em tudo o resto. 

Nota: os nomes nesta história foram alterados para manter a privacidade dos seus intervenientes. Mas sim, esta história é real. Luis, meu amigo, ganhou um filho de 18 anos ao emigrar para o mesmo país onde a mãe o teria deixado à nascença. A ciência confirmou. São pai e filho. 

quinta-feira, 16 de agosto de 2018

Crónicas de uma desempregada

Desde que estou sem trabalhar passo os dias em casa. Dias super mega interessantes, que não raras vezes incluem uma sestinha. 

Nunca sei a que horas chega o João. Às vezes, num dia bom, é às 7h, outras vezes, às 9h e outras é ali pelo meio. 
Durante o dia vou-lhe mandando mensagens. Só para lhe lembrar o que o espera em casa e quão bom vai ser a hora em que o vou obrigar a ouvir todo o meu dia. É importante que ele saiba que a cadela não quis passear. Todos os dias. Invariavelmente. Ou quanto tempo durou a minha sesta. Ou que o carteiro tocou à porta. Afinal de contas, ontem não apareceu porque, ultraje dos ultrajes, não tinha correio para aquela casa, que nem sequer é para mim e, se é para isto, não sei o que raio estou eu a fazer em casa. Se não é para a abrir para porta e receber o correio da ex-namorada do João, não vale a pena. 

Hoje, tenho a certeza, o João deve estar mortinho por chegar a casa. Alguém tem que saber que a cadela ainda só fez um cocó. Ainda deve vir aí o segundo. 




quarta-feira, 15 de agosto de 2018

(A nossa) silly season

Acordámos ao meio-dia. Estamos de férias. Ficámos a ver a sic mulher e os seus super interessantes reality-shows até às 3h. Hora a que fui passear a cadela e ela fez chichi dentro do prédio, quando íamos a sair. Deitei-me às 4h, depois de limpar o chão do prédio. 
Hoje vamos ter visitas. Às 5h da tarde, estou a descansar de ter limpo a cozinha. 
O fogão que estava uma miséria, o chão que estava cheio de manchas de café, vá se lá saber como. Estamos de férias.
A grelha dos grelhados está de molho, para poder grelhar pela 543.ª (quingentésima quadragésima terceira) vez umas tiras de barriga de porco. Estas férias, o João viciou-me em tiras de barriga de porco, a que eu chamo entremeadinhas fininhas e que ele tem grelhado diariamente nos últimos 11 dias. Os resquícios desses 11 dias estão agora de molho no lava loiças. Ou na barriga que as calças deixaram de apertar. Estamos de férias, afinal de contas. 




segunda-feira, 13 de agosto de 2018

The Food Temple - Restaurante Vegetariano



A julgar por outras críticas, eu, que raramente as escrevo num tom negativo, devo ser das poucas pessoas que não gostou do The Food Temple, na Mouraria.

Éramos um grupo e, como tantas vezes acontece com grupos, o número de pessoas da reserva não coincidiu com o número que apareceu. E acho que isto definiu a nossa experiência. O atendimento foi muito mau e acabamos a ter medo de pedir/perguntar o que quer que fosse, tal era a hostilidade sempre que o fazíamos. 

Não sou vegetariana, mas já comi muito boa comida vegetariana. Não foi o caso. Não achei a comida mesmo nada de especial. 

E esta ideia de comer sentada nas escadas? É diferente?  É. É criativa?  É! É boa? Não! É uma péssima ideia. Desconfortável, anti saias ou pro saias a verem-se as cuecas. Não gostei. 




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segunda-feira, 6 de agosto de 2018

SOI no Cais do Sodré


Se por um lado o pisco sour não estava suficientemente doce para mim, o ramen estava um pouco doce de mais. Presumo que seja à boa moda asiática. Nunca tinha comido Bao e também não fiquei grande fã. Já o João adorou tudo e considerou tudo no ponto.


Achámos o serviço um pouco desleixado. Acabámos por nos ir sentar sozinhos, perguntando-nos se faria parte do street style, mas fomos sempre tendo dificuldade em fazer novos pedidos.


Já o espaço é brutal. Muito giro, muito instagramável. Cozinha à vista, que é  algo que sempre me agrada.

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sexta-feira, 3 de agosto de 2018

Handmaid’s Tail - A história de uma serva



Não tinha a certeza se o livro me iria prender tanto como a série, mas a verdade é que não me lembro de um livro me dar tanto prazer nos últimos dois anos. 

Segundo o priberam, distopia é uma ideia ou descrição de um país ou de uma sociedade imaginários em que tudo está organizado de uma forma opressivaassustadora ou totalitáriapor oposição à utopia.
E é desta forma que o livro é descrito em todo o lado,  uma distopia. 

O livro conta a história de uma sociedade em que as mulheres férteis, as servas, são obrigadas a engravidar para uma elite estéril. São treinadas e, em parte, controladas por Tias, que retiram prazer do seu sofrimento e as castigam por delitos, muitas vezes, menores. O papel da mulher é de subserviência e todas estão proibidas de ler ou escrever (Aiii, os perigos da informação...). A história é contada pela voz de uma serva que, simultaneamente, vai recordando a sua vida anterior e tudo o que perdeu. O marido, a filha e até o nome. 

O mais interessante do livro é que descreve uma sociedade imaginária e tão distante da nossa, mas com momentos que nos são tão próximos. E é por isso que esta história tem tanto de perturbador como de fascinante. 

Sem dúvida, uma boa leitura de verão. Ou de Inverno. Ou de qualquer altura do ano.,



quarta-feira, 1 de agosto de 2018

Crónicas de uma desempregada


Faz hoje um mês que estou desempregada. 

Despedi-me assim, de repente, de um trabalho que me estava a deixar doente. Trabalhava numa sala sem janelas para a rua, sem ar condicionado e sem telefone. Tinha que usar o meu, se quisesse cumprir com os objectivos que me impunham e que, grande parte das vezes, não estavam directamente relacionados com aquilo para o qual fui contratada. 
Minto, não fui contratada. Nunca assinei nenhum papel, nunca recebi nenhum recibo, nem nunca me fizeram uma transferência bancária. O ordenado, esse, recebia-o num envelope. Um molho de notas como eu nunca tinha visto e que me fazia tremer até levá-lo ao banco. 

Antes disso, trabalhei em multinacionais. Tudo certinho, posto de trabalho supimpa, ar condicionado sempre desregulado, mas ar que circulava. O café era oferecido e, momentos houve, que até comida tínhamos o dia todo. 
Conheci duas realidades tão diferentes, as duas com o mesmo resultado. Infelicidade. Infelicidade de não poder fazer o que se gosta. De se ser só mais uma numa roda gigante que gira ao sabor do lucro. 
Não sou anti-capitalista. Nunca pensei que pudesse destacar-me do carneirinho das- nove-às-sete. Mas o das-nove-às-sete, que na verdade, raramente era sete, nunca me chegou. Tinha que haver mais. 

Cada vez mais nos dizem que temos que seguir as nossas paixões, fazer aquilo para que fomos talhados, que quando se gosta não é trabalho. “Estás chateada com a tua chefe, vê o retiro espiritual que vai ver todo o teu potencial, mostrar-te e motivar-te a seres a melhor da tua vida”. 

Retiros, coaches, speakers motivacionais, livros, artigos, conferências. Palavras estrangeiras pelo meio de discursos que nos dizem para fazer o que se gosta, que nos dizem para descobrirmos quem somos, que nos convencem dis rios de dinheiro que podemos fazer se lhes pagarmos para nos convencerem o que somos, mesmo que nunca o tenhamos sido.

E eu, que, por coincidência ou não, hoje recebi mais um mail daqueles que nos diz que o nosso cv não interessa nada, dou por mim a pensar, se fizermos todos o que gostamos, quem faz o das-nove-às-sete de que ninguém gosta? 

Eu, tintin por tintin

Para quem não me conhece, venho apresentar-me. Esta sou eu. Ora leiam. 

Eu sou aquela pessoa viciada em UberEats. O que é que há para não gostar no UberEats? Comida, à nossa escolha, entregue em casa, assim que queremos e pedimos.  O paraíso na terra. 

Pois que aqui há tempos, estava eu a passar a pente fino o menu de vários restaurantes, senão quando clico sem querer nuns aros de cebola. Vou ao carrinho tentar eliminar e coiso, mas como sou muito dada a estas coisas das tecnologias e nada azelha, cliquei, sem querer, no botãozinho verdinho que diz “finalizar e encomenda” e eis que me aparece a mensagem “o restaurante está a preparar a sua encomenda”. Aros de cebola. Eram aros de cebola. 
Ainda fui às FAQs ver como cancelar, ainda liguei para o restaurante, mas... uns minutos depois, recebo o que se pode ver na imagem. Aros de cebola. 


Um restaurante processou uma encomenda de meia dúzia de aros de cebola. Um gajo de mota veio entregar meia dúzia de aros de cebola. Eu recebi (e comi) 6 aros de cebola.

Ontem, estava eu alegremente a escolher nova encomenda quando vejo, e escolho, croquetes de presunto que, assumi eu, fossem tipo as croquetas espanholas. Só que mais à frente (ou mais abaixo, neste caso) já me aparecem croquetas de presunto. Assim com a letra A na última sílaba. Era mesmo isto uma das coisas que eu queria, entre outras. Clico para escolher e vou ao carrinho de compras para apagar os croquetes com E. Está mais que visto. Cliquei em finalizar encomenda. Eu até queria ter pedido mais coisas. Acabei por fazer uma encomenda só de entradas e resolver o mistério da diferença entre os croquetes e as croquetas. São a mesma coisa. Recebi um balde de croquetas. Almocei croquetas, lanchei croquetas, jantei croquetas e agora ainda marcha uma para pequeno almoço. 

À atenção da Fox


Fox Life, Fox Comedy e outros quejandos, entendam a vossa importância na minha vida e aquilo que estão a fazer com ela. Vocês servem-me de companhia para comer. Vivi anos sozinha e aprendi a entreter-me bem sem precisar de vocês ou qualquer outra coisa na televisão. Excepto para comer. Preciso do barulho, preciso da imagem, preciso de companhia. Isto é uma grande responsabilidade. Senão, vejamos, vocês são, muitas vezes, o meu escape à solidão que pode ser fazer uma refeição sozinha. Refeição essa que acontece muitas vezes à hora que vocês passam a Anatomia Grey, outras vezes, à hora de Uma família muito moderna. Vezes há que apanho A teoria do Big Bang. 

Qual não é a minha felicidade quando vejo que vão dar dois episódios de seguida. Qual não é a minha frustração quando perco o fim à meada e, de repente, os putos são pequenos, outra vez, os protagonistas estão noutras relações ou já casaram ou já não vão casar, ou eu sei lá porque se me dá um nó na cabeça, até perceber que vocês acham giro dar um episódio da temporada 10 seguido de um episódio da temporada 3. Nem sei se seguem algum critério e um segue a sequência do dia anterior ou se, pura e simplesmente, atiram episódios para o ar assim ao calhas. E isto estraga refeições. E antecipações. E serões. 

Vejam lá isso, sff. Não posso ser a única a sofrer com este flagelo. 

Para quem falas tu?

Comentador de notícias na internet, diz-me, para quem falas tu? Para os líderes do mundo? Para os visados nas notícias? Para os jorna...