terça-feira, 17 de abril de 2018

Shiuuuu


Vivo com o constante medo que descubram que sou uma fraude. Que no trabalho descubram que não sei escrever. Que o meu namorado descubra que não sou mulher para ninguém. Que os meus amigos percebam que fui inconsciente e não corajosa, como me dizem.

Há cerca de um ano atrás, despedi-me. Não o fiz por causa de um sonho, não o fiz para voltar a Portugal, não o fiz por causa de nenhum chamamento vocacional. Fi-lo porque queria um trabalho das 9h às 5h e não das 9h à meia-noite como tinha. O resto veio só porque aconteceu, porque fazia sentido, porque no meio da minha inconsciência, procurei segurança.

Trabalhava há 14 anos em Finanças e estava solteira há 15. Sim, encalhada mesmo, só com histórias superficiais que eu conseguia fantasiar como minimamente especiais.

Voltei para Portugal pelo conforto financeiro que me dava. O resto foi acréscimo. Conhecer o João e encontrar oportunidades para escrever.

Podia estar a viver o sonho. Sempre quis esta coisa de ser paga para escrever. Passar os dias inteiro a ler e a escrever. O paraíso. Sempre quis esta coisa de estar apaixonada e ser correspondida. Diz que sou. Tenho tudo para ser feliz, só que morro de medo que descubram que não faço puto de ideia que ando a fazer.

quarta-feira, 4 de abril de 2018

Tu

Não és mais, nem és menos e muito menos o "só isto" que me falas.
Sinto-te inteiro e é esse o teu mais.
Nas subtrações e adições que nos podem ser as pessoas, és só tu. Sem frações. Um só que, pouco ou muito, é tudo. E que me multiplica.

Faz-me um match



Fast-food, fast-information, fast-love.
Frases sem verbos, palavras sem vogais, emoções a amarelo.
Tempos modernos estes, em que se oferece coração sob a forma de um link, num whatsapp, qual carta a Ophélia, e se fica assim à mercê de dois vistos azuis, aos quais nem sempre se segue resposta. O máximo expoente de uma vulnerabilidade que se quer instantânea.
Tempos modernos estes, onde esse grande amor, ou só essa grande f... , estão à distancia de um dedo à esquerda ou um dedo à direita.
Tempos modernos estes, em que o mundo se encontra na ponta dos dedos e um pescoço curvado para um ecrã brilhante.

I'm just a girl, standing in front of boy...

Olá, o meu nome é Rebeubeu e não gosto de bacalhau.
E isto causa-me problemas. Sociais e não só. Não gostar de bacalhau é submeter-se a uma solidão sem precedentes. É deixar de ser convidada para jantares em casa. Sobretudo se houver uma bimby que faz um tal de famoso bacalhau com natas que só não gosta quem não é boa gente. É levar com bacalhau em todos os casamentos, dar graças a esse protocolo de ter que haver acepipes e segundo prato, mas, ainda assim, ficar a olhar enquanto outros se regalam.
Nem fora de Portugal nos livramos deste estigma, porque não gostar de bacalhau é ser-se mal aceite na comunidade portuguesa e ainda ser olhada de soslaio pelos estrangeiros, que só por isso perderam capacidade de nos atribuir identidade. Deixa de se ser Portuguesa para ser só uma-espécie-de-Portuguesa-que-não-gosta-de-bacalau.
Não gostar de bacalhau é sobretudo difícil na altura do Natal. Porque o bacalhau é rei em todo e qualquer jantar de Natal que se preze. Mas não gostar de bacalhau é causar, também, todo um desgosto à nossa família. Não gostar de bacalhau é levar os meus pais a um duplo luto. É fazê-los lembrar que afinal não têm uma filha, mas sim uma-espécie-de-filha-que-não-gosta-de-bacalhau e relembrar-lhes também que já só somos meia dúzia de gatos pingados e não esse grupo que comia bacalhau, peru, polvo à lagareiros e ainda filhoses, sonhos, bolo-rei e etc. Depois estávamos um mês a comer roupa velha e meia desfeita, mas a casa estava cheia.
Não gostar de bacalhau é também não se ser namorada, mas uma-espécie-de-namorada-que-não-gosta-de-bacalhau e, embora ele não me diga, o verdadeiro motivo pelo qual isto não foi assumido mais cedo. Não gostar de bacalhau causa-lhe ali aquele desconforto que o faz repensar toda uma relação. “Esta gaja não é simples “. E eu acho que sou, não peço jantares ultra-românticos à luz das velas. Dá-me massa e pizza e sou uma mulher feliz. Mas não, porque ser-se simples é gostar-se de bacalhau.
Pessoas que como eu não gostam de bacalhau, uni-vos neste post e ajudem-me a defender a nossa causa. ‘Tamo junto.

O primeiro milho é para os pardais




O primeiro milho é para os pardais poderia ser o título da descrição do brunch que esta Rebeubeu pardaleca que vos fala, comeu no fim de semana. Só que não se comeu milho. Na verdade, rebolou-se em 3 actos e meio, sendo que o meio foi já em casa, com o “doggie bag” trazido depois de um já hercúleo esforço para comer tudo o que lhe trouxeram. 

E rebolou-se com pão, com scones, com croissants, com iogurte, com presunto, queijo da serra, puré de batata doce e ananás, com salmao, espargos, abacate e queijo creme. Rebolou-se com um brownie, leve leve leve, com uma crosta crocante que se desfazia na boca e nozes que contrastavam com o forte sabor a cacau, na perfeição. Tenho dificuldade em escolher um momento alto desta refeição. Poderia ter ficado pela pastelaria e o pão e já me chegaria para “brunchar”, almoçar, jantar e cear. Diz que tenho ainda que experimentar as tostas e o croissant de nutella, descrito como o melhor de Lisboa. Vou voltar.

Onde? Ao Choupana Caffe, na Avenida da Republica. Volto e recomendo.

 Choupana Caffé Menu, Reviews, Photos, Location and Info - Zomato

I'm a bitch I'm a lover I'm a child I'm a mother


De há uns meses para cá, resolvi chamar-me a mim própria Strategist Copywritter. Estava farta dos números e queria escrever. O nome era pomposo, tinha-o lido num post duma qualquer agência de publicidade e já que também me auto denominava Life Coach, decidi praticar o que toda essa classe advoga.

Resultou. Hoje pagam-me para escrever. Ironicamente, pois nunca escrevi tão pouco como hoje em dia.

Na verdade, aquilo que eu gostava mesmo que me chamassem era escritora. Ou, se é para ser sincera, visionária de series nas horas vagas e menos vagas. Assim como assim, hoje, aqui, neste momento em que vos escrevo, decidi chamar-me blogger.

Para quem falas tu?

Comentador de notícias na internet, diz-me, para quem falas tu? Para os líderes do mundo? Para os visados nas notícias? Para os jorna...