quinta-feira, 16 de agosto de 2018

Crónicas de uma desempregada

Desde que estou sem trabalhar passo os dias em casa. Dias super mega interessantes, que não raras vezes incluem uma sestinha. 

Nunca sei a que horas chega o João. Às vezes, num dia bom, é às 7h, outras vezes, às 9h e outras é ali pelo meio. 
Durante o dia vou-lhe mandando mensagens. Só para lhe lembrar o que o espera em casa e quão bom vai ser a hora em que o vou obrigar a ouvir todo o meu dia. É importante que ele saiba que a cadela não quis passear. Todos os dias. Invariavelmente. Ou quanto tempo durou a minha sesta. Ou que o carteiro tocou à porta. Afinal de contas, ontem não apareceu porque, ultraje dos ultrajes, não tinha correio para aquela casa, que nem sequer é para mim e, se é para isto, não sei o que raio estou eu a fazer em casa. Se não é para a abrir para porta e receber o correio da ex-namorada do João, não vale a pena. 

Hoje, tenho a certeza, o João deve estar mortinho por chegar a casa. Alguém tem que saber que a cadela ainda só fez um cocó. Ainda deve vir aí o segundo. 




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