quinta-feira, 25 de outubro de 2018

Crónicas de uma vida a dois - Party & Co



Desengane-se quem acha que o derradeiro desafio de uma relação é partilhar casa. Ou ter filhos. Ou assinar papéis com a bênção de Deus. 
Quando se tem um namorado competitivo como o meu, o derradeiro desafio é outro. 
O João não joga à bola, nem faz qualquer outro desporto. Também, Já não tem muito mais para subir em termos de posição profissional. Talvez por isso, todo a sua capacidade competitiva se resuma a 3 coisas.
  1. O Sporting (tadinho...)
  2. Ver séries. Se alguém andar a ver a mesma série que nós, ai de nós se nos atrasamos e ficamos uns episódios atrás, ou, ultraje dos ultrajes, temporadas. Para que serve ver uma série? Estar descansadinha só a desfrutar do tempo que se tem livre? Dormir 8 horas de sono? Naaaã.  Isso é para meninos. Se fulano e beltrano já viram, ninguém sai daqui sem ver, pelo menos, um episódio a mais que essa pessoa. 
  3. Jogos de tabuleiro. 

Namorávamos há menos de um ano quando convidámos uns amigos para jantar em nossa casa. Uma das convidadas, provavelmente, já a ver se me montava ratoeira, trouxe um jogo de tabuleiro chamado Party & Co. Basicamente, este jogo é uma mistura de vários. Perguntas de cultura geral, mímica, desenhos e palavras proibidas. 
Ela trouxe o jogo, mas também me avisou, “ele é um chato a jogar”. Tentei impedir a coisa tanto quanto uma namorada de há menos um ano consegue: fui tímida e pouco assertiva. 

Se hoje lhe perguntarem, ele vai dizer que são calúnias e que estava só a brincar. Não estava. Estava a dar tudo pela prova da sua superioridade intelectual. Acha-se esperto, este.

Para azar dos meus azares, qual é a categoria preferida do menino? Aquela que nunca ninguém quer: cultura geral. É muito menos embaraçoso não saber desenhar que não saber uma pergunta de cultura geral. Ninguém quer correr esse risco. Mas não. O menino não me queria a fazer macacadas, nem rabiscos. Como a Lei de Murphy funciona sempre sempre nestes momentos, qual foi o tema que mais me saiu: futebol. 

Foi mau. Foi muito mau. Durante meses ouvi-o contar a cada pessoa com quem se cruzava que eu não tinha adivinhado que o jogador do Benfica que usava as golas levantadas era o Rui Costa. Ou que respondi que na passagem de ano se comia camarão (eram passas, aquela porcaria que eu nunca, nem que me paguem, como na vida). Reclamou cada vez que errei. Reclamou dos meus desenhos, das minhas mímicas e tudo e mais alguma coisa. Vi a relação por um fio.

Jogámos até às 5h da manhã. Ganhámos aos outros dois casais e, mesmo assim, não me perdoa. “O Rui Costa? Porra, babe, o Rui costa?”. Não sei se sobrevivemos a isto. 

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