Hoje não me
apetece fazer piadas sobre a minha relação. Hoje não me apetece partilhar fotos
fofinhas da minha cadela. Hoje não me apetece falar de comida e de
restaurantes.
Hoje estou
triste. Estou triste porque vi o vídeo
do Diogo Faro, o Sensivelmente
Idiota no qual ele pergunta a várias pessoas se sabem o que é o feminismo e
se são feministas. Fiquei triste, em particular, com as mulheres que dizem não
querer saber ou ser contra. Uma dessas mulheres afirma no vídeo que a cozinha é
lugar para mulheres. Diz que é uma questão de instinto e biologia. Achei curioso
como algumas pessoas, dentro de casa, consideram a cozinha como um lugar feito
para a mulher, quando cá fora, as posições remuneradas para se estar na cozinha
são maioritariamente ocupadas por chefs,
por homens.
A verdade é que
eu já fui como a mulher que, no vídeo, diz não se interessar, que não é para
ela, que não quer saber, enquanto come tranquilamente o seu gelado. Houve uma
altura da minha vida que me dizia não feminista. E dizia isto porque estava
desinformada e aquilo que me chegava às mãos, ou aos olhos, era informação sensacionalista
ou extremista. Isso fazia-me acreditar que ser feminista era não aceitar as
diferenças que a própria natureza nos atribui e contra as quais, por muito que
se queira, não podemos ir. Achava que ser feminista era ir contra os homens ou
não poder aceitar as suas cortesias. Demorei a perceber que é, sobretudo, sobre
trabalho em equipa.
Feminismo, ao contrário
do que alguém diz tanto no vídeo como por aí, não é sobre ter pelos ou não
debaixo dos braços. Isso é outra coisa.
Feminismo, não é
achar ou não o Cristiano Ronaldo culpado. Isso é só julgamento.
Feminismo não é
fazer ou não parte do movimento #meetoo, não é achar que todos os homens nos
vão desrespeitar limites físicos, nem é acusar homens de todos os males do
mundo. Isso são outros quinhentos.
Feminismo é, como
também diz uma mulher no vídeo (haja esperança), sobre igualdade de género.
Igualdade de género é mulheres e homens serem pagos o mesmo pelo mesmo
trabalho. Igualdade de género é perceber que, mesmo podendo engravidar, já que coube
à mulher essa função na natureza, a mulher também pode ser (e é) uma mais valia
numa organização. Feminismo é assumir que, hoje, a mulher faz tanto parte da massa
trabalhadora quanto o homem e, por isso, em casa, ao final do dia, as responsabilidades
são iguais. “Ajudar” em casa, fazia sentido no século XIX, quando às mulheres
eram vedados ainda mais direitos e o papel que lhe cabia era “trabalhar em casa”.
A evolução, levou-nos por outro caminho e hoje, salvo exceções, um agregado
familiar é composto por dois trabalhadores. Duas pessoas que passam horas fora
de casa, gastam energia fora de casa, dividem responsabilidades financeiras e,
por isso, deveriam também dividir tarefas familiares.
Feminismo é,
também, perceber que se por cá, no nosso cantinho, muitos dos nossos direitos
já foram reclamados, noutros cantos do mundo tal não aconteceu e há mulheres que
ainda vivem à margem daquilo que homens consideram melhor para elas.
Feminismo é, também,
interessarmo-nos por isto e não aceitar o que nos vendem como certo ou tradicional
ou biológico, quando biologia não é nada disso.
Falou e disse, cara amiga!
ResponderEliminarObrigada :)
Eliminar
ResponderEliminarNunca reparaste que eu sempre me afirmei feminista?
Silent Man, sem querer apaguei o teu comentário. De qualquer forma, acho que a minha mãe me estava a perguntar a mim e que esta é uma perguntar passivo-agressiva "Como assim não seguiste o meu exemplo e não te afirmaste sempre feminista". ahahah
EliminarFizeste bem, que eu percebi tarde demais que estava a meter o pé na poça até ao pescoço!
EliminarHonest mistake ;)
Eliminar