quinta-feira, 24 de janeiro de 2019

Dietas



No início do ano, desencaixotei a balança que andava por aí perdida, comprei uma pilha e saltei-lhe para cima. Poderia ter sido doloroso, mas a dor, essa vinha já do final do ano e da constatação de que a roupa não servia. O número é só um número que no fundo já sabia.

Com todo este processo veio a vontade de parar com esse comportamento errático de comer pizzas e natas e massas com natas e tudo o que se adora, mas faz mal. Ou seja, veio a tentativa de fazer dieta.

Para fazer dieta e perder tempo dizem que só é precisa uma coisa: força de vontade.

Eu digo que é preciso muito mais. É preciso força de vontade para não se comer o que se quer, força de vontade para cozinhar em casa, força de vontade para planear as compras, os ingredientes, as refeições. É preciso disponibilidade e tempo. Mas sobretudo é preciso tato para os que estão à nossa volta.

Uma das maiores dificuldades da minha dieta é a vida social. Vida social em Portugal significa ou comer ou beber. Nós, portugueses, temos muita dificuldade em conviver longe de uma mesa ou de uma bebida. A maior parte das vezes dos dois. Ninguém combina ir dar um passeio, encontrar no parque ou qualquer outra atividade que implique distancia suficiente de uma mesa.

Sempre que tento explicar a alguém que estou a fazer dieta propõem-me a cheat meal (normalmente, uma refeição por semana em que se pode comer sem restrições, mesmo estando a fazer dieta), só que se eu atendesse a todos os pedidos, teria que fazer 24 cheat meals por semana. O dobro do que já como habitualmente.

É por isso que acho que fazer dieta é muito mais que força de vontade. Fazer dieta, neste país, é isolar-me do mundo e das pessoas com todas as suas tentações.

Posto isto, comecei a fazer dieta no início do ano. Ou a tentar fazer dieta sem ofender ninguém.

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